domingo, 3 de janeiro de 2010

De quem é a culpa?

Quem nunca culpou o fim? Seja pelo término de qualquer coisa, desde o final mais dolorido ao menos. Não sou advogado de ninguém, que fique bem claro. Mas, vamos ser sinceros, o problema das coisas não é o fim, mas sim o começo. Afinal, se não houvesse começo, certamente não existiria fim. Então, não se pode culpar o final. Pois fazer isso, é cometer uma grande injustiça. O pobre fim não tem culpa de nada. Ele só cumpre o seu papel. Tudo bem que até pode ser uma coisa que faz mal a muita gente. Entretanto, no mundo que vivemos a coisa está tão difícil que para conseguir o leite das crianças não existem muitas opções, às vezes tem que se aceitar o que aparece, não é? Sendo assim, vamos colocar a culpa no real culpado, que é o começo. É, ele mesmo. Que ilude sempre, com a esperança de que ele não trará o fim consigo. Mas, ele trará. Pois ele é um mentiroso. E da pior espécie, porque ele ganha a confiança, enche de esperança, porém no fundo sabe exatamente o que vai acontecer. Ele sabe que é uma questão de tempo para o fim chegar. E pra piorar as coisas, o começo é cínico. O safado não leva nenhuma culpa, deixa tudo pro pobre do fim. O começo com certeza é algum tipo de político corrupto ou grande traficante, porque tem sempre um laranja. E este se chama fim. Por isso o final é mais nobre que o início. Pois ao invés dele se fazer de vítima, ele encara a situação e não se exime de suas responsabilidades e põem um ponto final no que for. São raras às vezes em que o fim é um herói. Ele só é bom, quando termina com algo que nem era pra ter começado. Está ai mais uma prova da culpa do início, está vendo? Agora tire suas próprias conclusões. Porém se não existisse nem fim e começo, como seria? Acredito que tudo seria triste, aliás, muito triste. Pois qual seria a graça de não ter nada para começar? Se encher de esperança que vai da certo, se entregar de corpo e alma. Ou então, como seria a sensação de saber que as coisas poderiam não ter fim? Será que tudo seria tão especial quanto é agora? Pode ser que sim, mas eu aposto que não. O fim nos da à garantia que nada é pra sempre, mas que existem coisas que conseguem ser maiores do que o infinito. O espetáculo está no caminho do início ao fim. E nessa estrada que pode ser pequena ou grande, que mora toda a magia de nossa mortalidade. Acreditar não é tolice, é virtude das pessoas capazes. Capazes de se encherem de esperança quantas vezes for preciso, de que sabem que o fim pode significar um recomeço. Sentir saudade não é coisa de gente fraca, é sintoma de um mortal que viveu o real significado de para sempre. Colocar a culpa no fim ou no começo não mudará essa lei da vida, pois um depende do outro. Viver não é acreditar que as coisas têm que ser pra sempre. Viver é saber que nada é pra sempre e mesmo assim ir até o fim. Que o final ou começo não são uma fatalidade, mas sim uma conseqüência. O motor da vida e a prova que o início traz consigo o fim. Isso não é uma injustiça. Mas sim uma justiça com tudo que merece ser vivido apenas uma vez, para se tornar tão especial que nem vários fins ou começos poderão apagar. Eternidade é isso, é tão forte e marcante que independe de fim ou começo, é atemporal. Algo que dá certeza que sempre esteve, está e estará entranhado em nós.